Tudo começou com o desejo de viajar. Tal como numa busca, uma epopeia, uma odisseia, ‘O Imaginário na Arte dos Jardins’ tem atravessado diversos mitos e referências. Pensamos na Odisseia de Ulisses, que levou a sua personagem a navegar pelos mares e a descobrir novos territórios, antes de chegar a Ítaca. Há também a busca pessoal, aquela que o leva a mergulhar em si mesmo.
Em cada jornada estará um passo mais próximo de realizar sonhos. Este jardim representa uma odisseia num Mar de Areia, uma viagem rumo à imaginação, através da contemplação.
O percurso de visita ao jardim inicia-se com um passadiço de madeira, que convida o visitante a viajar pela superfície da terra entre o Oriente e o Ocidente. “O Mar de Areia” é inspirado nos jardins secos do Japão, Karesensui, revistos em locais portugueses. O passadiço divide-se em dois níveis, com profundidades diferentes, para criar uma varanda com vista, ao longo de toda a visita ao jardim.
Esta jornada será repleta de etapas. Os objetos que vão sendo encontrados, na areia, são fragmentos de história, símbolos figurativos ou abstratos que podemos encontrar, durante a travessia. Oferecem mil e uma interpretações possíveis: um arquipélago num mar tranquilo, os tesouros flutuantes de um navio naufragado, entre muitas outras interpretações. Cada visitante poderá ver aquilo a que a sua imaginação o levar.
As rochas poderão ser interpretadas como uma montanha, um recife ou as falésias do Algarve, em maré alta. Os arbustos podem sugerir ilhas verdes com bosques floridos, como São Miguel, nos Açores.
A metáfora da areia do mar surge como um elo que liga todos estes acontecimentos. Sugere a impermanência do mundo, pela sua fluidez. A areia representa o flutuante: o jardim surge, assim, como um espaço onde o imutável e o efémero se confrontam e se fundem. Esta superfície mantém um elemento de mistério, cuja sua interpretação fica ao critério de cada visitante.
Contando não uma, mas várias histórias, ‘O Mar de Areia’ convida o visitante a atravessar, contemplar e entregar-se ao devaneio, deixando a imaginação correr livremente pela sua mente.