O tema da 20.ª edição do Festival Internacional de Jardins, “Jardim da Paz, Jardim para a Paz”, não podia ser mais pertinente face ao atual estado do Mundo. Assistimos, todos os dias, a conflitos e guerras para as quais não se vislumbra o fim e em que nada parece resultar para pôr termo a um cenário que, de forma inexplicável e incompreensível, é vivido em pleno Século XXI. Não devia ser assim.
Ao pensar neste tema, a palavra Paz remete-me de imediato para um significado universal, sendo o mais desejado por todos os Povos. Existem tantas cores e símbolos associadas à Paz, como a oliveira, a pomba, o cisne branco, os colibris, os guerreiros galardoados com o prémio Nobel da Paz, pela sua luta por esta causa tão nobre, e muitas outras formas de a manifestar, em todo o Mundo.
É comum, em inúmeros países, ao comemorar a passagem para um novo ano, pedir desejos. Sem dúvida que um dos que mais ouvimos é “o meu desejo é Paz no Mundo”. Um desejo que não tem preço, mas que por vezes pode ser tão difícil de ter e transmitir, basta pensarmos em cada um de nós, quando não temos saúde e bem-estar interior.
Ao ler os textos que acompanham os projetos dos autores dos jardins selecionados, é possível percecionar a forma como diferentes culturas interpretam a Paz. Palavras como tranquilidade, harmonia, bondade, silêncio, serenidade e família, são apontadas como sendo essenciais para viver este sentimento, a Paz. Percebi que para muitas crianças, as autoras dos jardins do Festival de Jardins Escolinhas, sentir a Paz é estar em casa, em família, “no ninho”, onde se sentem seguras e confortáveis.
Há autores que descrevem o medo como um sentimento que perturba e anula a Paz, mas, também, que são esses mesmos medos, esses espinhos, que fazem com que se valorize este sentimento. Ou ainda que apelam à substituição das “bombas de guerra” por “bombas de doces”. Seria bom que as guerras interiores de cada um e a ambição desmedida de alguns pudessem ser substituídas, efetivamente, pela clareza de ideias e por sentimentos de respeito e de bondade. Cada vez mais é importante que nos questionemos sobre o que é a Paz. O que significa viver em Paz? Que valor tem a Paz? Quantos de Vós, que estão a ler este pequeno texto, se estão a questionar se também estão em Paz, convosco e com o próximo?
Para mim este sentimento, a Paz, pode ser sentido de muitas formas, em família, ao ver um filho brincar na areia da praia ou a contemplar um rio que corre lentamente para o mar, num simples passeio pela rua sem receios, quando se concretizam projetos pessoais ou profissionais ou quando percebo que muitas das pessoas com que me relaciono estão felizes.
Viver numa Vila que este ano comemora os 900 anos de foral, entregue por D. Teresa, a primeira rainha de Portugal, onde ainda é possível sentir e viver em Paz, a que o poeta limiano, António Feijó, um dia se referiu como: “Terra mais linda nunca encontrei”, é um privilégio que tenho e que agradeço todos os dias. Passados nove séculos, esta Vila continua a ser um encanto para quem a visita e para quem aqui vive.
A Paz tem para mim uma cor que a simboliza, pelo que, nesta edição, optei por apresentar esta publicação com um fundo branco, que remeta para o que todos ansiamos, em todas as religiões, a Paz em todo o Mundo e dentro de cada um de Nós/Vós.
Orgulha-me, mais uma vez, que este Festival Internacional de Jardins seja colocado a concurso com 11 jardins de 15 países e com projetos que se apresentam com mais do que uma nacionalidade. Significa que este é um certame de enorme qualidade, que inspira e que é uma referência a nível nacional e internacional.
Este é um projeto com equipas a que não posso deixar de dar destaque pelo trabalho árduo e empenhado em cada uma das fases da sua conceção. Assim, em meu nome e da minha equipa, deixo o meu agradecimento a todos os mentores e obreiros deste festival.
À Direção do Festival Internacional de Jardins, por todo o esforço e dedicação e enriquecimento de cada edição.
Aos membros do Júri, pelos projetos selecionados que enaltecem cada edição e que nos permitem viver cada tema na sua plenitude.
A todos os concorrentes, pela enorme diversidade de ideias apresentadas, todas elas convergindo para um sentimento desejado por todos, a Paz. Não podemos deixar de agradecer aos autores dos 51 projetos apresentados, um número que não obtínhamos desde o ano de 2014. Sentimos que estamos no rumo certo, na dedicação de esforços e atenção a este festival.
A todas as Instituições de Ensino participantes, um bem-haja. É um orgulho ter neste projeto educadores, professores, auxiliares, crianças e suas famílias, tão dedicados para que o resultado final seja um conjunto de pequenos jardins de grandiosa qualidade e conteúdo, como se de um jardim de adultos se tratasse. Fruto deste trabalho, também este ano e pela primeira vez, contamos com a presença de uma escola da nossa vizinha Espanha. Tal facto permite-nos confiar plenamente nas equipas que trabalharam ativamente para chegar à internacionalização, também do Festival de Jardins Escolinhas.
Que este projeto seja, para esta escola, uma experiência de enriquecimento curricular, de partilha de conhecimento e de criação de amizades entre as crianças destes dois países.
Não podemos deixar de agradecer aos patrocinadores, que nos apoiam e confiam no nosso trabalho, fazendo questão de continuar a apoiar, a cada nova edição.
De extrema importância e com todo o mérito, agradeço ainda a todos os colaboradores do município, de diferentes serviços, que se envolvem ativamente na construção destes jardins, desde a leitura e interpretação dos projetos, à construção no terreno de cada pormenor apresentado, para que cada projeto seja lido e construído como único.
Desejo que, ao visitar este festival, consigam desfrutar dos sons da natureza, das cores e pormenores de cada jardim e que lutem todos os dias pela Paz no Mundo e dentro de cada um de Vós, vivendo um dia a dia sereno e de sorriso fácil, com um coração tranquilo.
Viva a Paz! Vivam em Paz, também com ajuda destes jardins.
Vasco Ferraz, Eng.º
O Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima