O Jardim da autoria do paisagista espanhol José Souto, foi o mais votado na edição 2017 do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, que encerrou no passado dia 31 de outubro.

O autor criou uma caravela alusiva ao tema O Jardim das Descobertas, a qual apelidou Novaterra – Descobrindo um Novo Mundo, e que suscitou o interesse e a curiosidade dos visitantes recolhendo a preferência do público, o que lhe permite continuar em exposição na edição 2018.

O jardim Novaterra – reportava-nos para o Brasil de 1500. “Na era dos descobrimentos das novas rotas navais para o comércio, uma caravela portuguesa chega a uma praia brasileira, no local onde mais tarde se fundaria uma colónia portuguesa.
Graças a momentos como este, muitas plantas autóctones da América chegaram à Europa, proporcionando novos alimentos, como o milho maiz, os tomates, os pimentos, as batatas, ananás, maracujá, abacate, cacau…, plantas que darão novas fibras têxteis, como o algodão, látex…, especiarias, como a baunilha…

Novaterra representa um circuito de encontro ao visitante, o qual tem o seu início ao subir a uma representação em madeira, muito básica, de uma caravela portuguesa, permitindo a observação dos tesouros vegetais que se encontram nos barris e terminando com a descoberta de uma minúscula praia tropical em pleno Festival Internacional de Jardins.(...)

Genericamente, tratou-se de criar uma paisagem de costa caribenha utilizando elementos vegetais próprios do lugar, combinados com água e areia, local onde uma caravela portuguesa teria carregado plantas hortícolas para trazer para a Europa em 1500.
Os recursos paisagísticos a que se recorreu para a construção do projeto são a água, a vegetação de costa, as plantas hortícolas, a madeira no barco e pas¬sadiços e inertes.
O objetivo é efetuar como que um regresso ao passado, uma viagem no tempo a um momento histórico e a um local geograficamente muito distante.”

A segunda preferência do público recaiu no jardim A Globalização das Plantas, da autoria da Engenheira Agrícola, Alexandra Campos Teixeira e do Arquiteto, Luís Sá e Melo, da Casa de Saúde S. José, de Barcelos.
Na senda dos Descobrimentos o Jardim A Globalização das Plantas baseou-se “na permuta cultural que as plantas trouxe¬ram durante as Descobertas, permitindo conhecer outros continentes e assim aproximar povos e culturas até então desconhecidos, intensificar as relações comerciais, estabelecer acordos diplomáticos e de parceria, criar novas rotas através dos oceanos, facilitando a mobilidade de pessoas e bens (...)”.

Quanto ao projeto Festival de Jardins Escolinhas, nesta 3.ª edição, a votação do público determinou como o mais votado o jardim “À Descoberta de Novas Terras”, da autoria dos alunos da turma 4 da Escola Básica da Gandra.
A Escola Básica da Gandra tem participado neste evento desde o seu arranque, procurando relacionar os temas com tradições, monumentos, festividades ou outros aspetos relacionados com cada uma das freguesias de origem dos alunos que integram a escola.

Na presente edição, elegeram o tema “Descobrimentos”, “como forma de homenagear a freguesia de Santa Cruz do Lima, cujo nome nos reporta para os descobrimentos marítimos, nomeadamente à Terra de Santa Cruz, descoberta por Pedro Alvares Cabral, em 22 de abril de 1500.
A época dos descobrimentos foi um importante motor para o início da modernidade, estimulando a pesquisa científica e intelectual e marcando a passagem do feudalismo da Idade Média para a Idade Moderna. (...)
O nosso jardim pretende simbolizar o encontro dos portugueses com os indígenas, que os receberam de forma pacífica, estranhando, no entanto, o seu aspeto físico, bem como as evidentes diferenças ao nível dos hábitos, cultura e religião. É composto por uma caravela, símbolo das treze caravelas que navegaram pelos oceanos e uma palmeira, representando Pindorama, a “Terra das Palmeiras”, assim denominada pelos indígenas.
A expansão do cristianismo, uma das motivações para as viagens marítimas à descoberta de novas terras, está representada na cruz, de pau-brasil, colocada pelos jesuítas pouco depois da sua chegada, junto ao altar onde celebraram a primeira missa.
O índio representa todos os indígenas que viram chegar as caravelas e Pedro Alvares Cabral, junto dele, representa os marinheiros portugueses que, pela primeira vez, se aproximaram e descobriram um novo território, que mais tarde veio a chamar-se Brasil.”

O período de receção de candidaturas para a edição 2018, subordinada ao tema “O Clima nos Jardins”, encerra hoje, 15 de novembro.

15 de Novembro 2017