Se, hoje em dia, quem visita Ponte de Lima pode percorrer livremente a vila, na antiguidade, os romanos que chegaram a esta região não se atreveram a atravessar o rio Lima. Consideravam que estavam perante Lethes, o rio que os gregos narravam nas suas lendas como um dos cinco rios do submundo, que era necessário atravessar para chegar aos Campos Elíseos, o paraíso onde chegavam as almas bondosas. Quem cruzasse este rio esquecia toda a sua vida anterior, o que permitia recomeçar uma nova vida, liberta do passado. No ano 138 a.C. o general romano Décimo Júnio Bruto atravessou o Lima e chamou os seus soldados, pelo nome, para refutar a lenda do rio Lethes.
A lenda do rio Lethes e dos Campos Elíseos é narrada desde a antiguidade, podendo ser encontrada em referências de autores clássicos, como a “Eneida” de Virgílio, ou na “Divina Comédia” de Dante Alighieri. Todos concordavam que a paisagem do rio Lethes estava repleta de plantas soníferas, flores vermelhas e amarelas, e que ali se encontrava a caverna rochosa de Hypnos, deus do sono. Os Campos Elíseos eram uma terra fértil onde abundavam plantas comestíveis, árvores de fruto e prados esmaltados com flores.
Ao entrar neste jardim, o visitante ficará imerso nestas histórias. No início, poderá encontrar um curso de água que simboliza o rio Lethes, podendo experienciar a travessia para os Campos Elíseos através de uma pequena ponte, localizada no centro do jardim. De um dos lados encontra-se a caverna rochosa de Hypnos, rodeada de flora sonífera: papoilas, passifloras, valerianas e camomilas. Do outro lado, estão representados os terrenos férteis, com laranjeiras, girassóis, alhos selvagens e lírios.
O Jardín del Leteo simboliza as origens de Ponte de Lima. Uma história carregada de grande significado, para que a narrativa se torne numa verdadeira experiência. O imaginário torna-se, assim, real, na arte deste jardim.