
A nossa resposta ao tema “Jardim da Paz, Jardim para a Paz”, para a edição de 2025 do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima é representar, através de diferentes arranjos paisagísticos, “A Paz entre o Homem e a Natureza”.
À medida que as atividades humanas continuam a destruir os ambientes naturais, pareceu-nos sensato, e até mesmo essencial, imaginar o jardim da Paz como um lugar onde a humanidade e a natureza se possam reconciliar, inseparáveis, iguais, sendo cada uma das partes interessadas essencial para o bem-estar da outra, de forma a poderem existir. A nossa proposta é, assim, uma tentativa de representar a natureza no seu estado primitivo, ou muito pouco alterada pelas atividades humanas.
O jardim que imaginamos utiliza materiais simples e minimamente transformados, não inclui estruturas que possam sugerir que uma sociedade altamente desenvolvida modificou a paisagem.
Os numerosos canteiros, compostos por diversas espécies vegetais, estão estruturados de forma a obter um efeito de “cobertura do solo”, assemelhando-se à vegetação primária, não pisada pelo Homem. A aplicação aleatória de pedras e lascas de madeira realça a transformação natural do jardim, pelos elementos do vento e da água. A presença marcante da água no nosso jardim, em diferentes aspetos, como o murmúrio do ribeiro ou o borbulhar da pequena cascata, provoca sons rítmicos que se dissipam gradualmente e acalmam o visitante. A pérgula constitui o abrigo sob o qual, e pelo qual, o visitante é protegido da violência do mundo exterior. Oferece um bom lugar para observar mais de perto e absorver a atmosfera geral. A escultura do cepo de árvore subtilmente humanizado, elemento central do nosso jardim, é o símbolo desta Paz. Uma funde-se com a outra e vice-versa: os dois são um só e constituem uma harmonia infalível. Este elemento central do nosso jardim é, em última análise, a descrição do tema e da nossa visão. Os humanos encontram-se envolvidos na natureza e mantêm com ela uma relação de confiança.