
Após ter visualizado as maquetes das escolas que participarão na V Edição do Festival de Jardins Escolinhas, sob o tema “Jardins do Fim do Mundo”, concluí, de imediato, que deveria reforçar e complementar a mensagem que expus no texto de abertura do catálogo da edição anterior, por considerar que as mesmas traduzem mais um legítimo apelo à mudança de rumo, assente na clara tomada de consciência, por parte dos meus mais jovens concidadãos, de que as alterações climáticas são a maior ameaça à Humanidade em milhares de anos, tal como afirmou o naturalista britânico David Attenborough, na 24.ª Conferência da Organização das Nações Unidas para o Clima.
É com enorme frustração que sinto que a geração em que me incluo ao invés de, no mínimo, legar um planeta com condições próximas daquelas que encontrou, tenha trilhado, mas, sobretudo, em função do conhecimento disponível, insista em trilhar um percurso, caracterizado pelo egoísmo e pela irresponsabilidade, causador de enormes assimetrias socioeconómicas e, inconcebivelmente, criador de imagens, nos mais jovens, quando projetam o seu futuro, como aquelas que serão expostas na esmagadora maioria dos jardins colocados a concurso.
Esta perceção do futuro, por parte desta geração, totalmente dependente da (in)ação das gerações antecedentes, dita, a meu ver, o falhanço das estratégias e objetivos associados ao desenvolvimento sustentável na medida em que, não só não fomos capazes de criar um sentimento de segurança para o futuro, como temos sido complacentes, nos últimos anos, com uma forte agudização do problema.
Será de recordar que, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial, os últimos quatro anos foram os mais quentes desde que existem registos, com todas as relações de causa e efeito que podem ser estabelecidas ao nível do surgimento, repetição e intensificação de fenómenos extremos. A mesma fonte espera que, em 2019, sejam batidos novamente os recordes de temperaturas em resultado da ação conjugada entre os efeitos das alterações climáticas e do fenómeno climático El Niño.
Face ao exposto, concordando com o referido no texto do catálogo da IV Edição do Festival de Jardins Escolinhas, o caminho a seguir é claro, lógico e não pode ser ignorado, fruto das evidências, do conhecimento e do consenso alargado sobre a matéria. E, quanto mais tempo demorar a ser efetivamente adotado, maiores e mais graves serão as consequências das alterações climáticas para a espécie humana.
Assim sendo, perante um problema de dimensão global, é necessário agir rapidamente, de forma concertada e eficaz, no plano internacional, nacional e local. Como já tive a oportunidade de referir, a nível local, o Município de Ponte de Lima tem vindo a conferir um conjunto alargado de respostas, no âmbito da mitigação e da adaptação às alterações climáticas que passam, também, pelas iniciativas de sensibilização e (in)formação ambiental de que são excelentes exemplos, o Festival Internacional de Jardins e o Festival de Jardins Escolinhas.
Estes dois eventos conferem um importante contributo pedagógico, de mobilização e de sensibilização da população em geral e, em particular, dos pontelimenses, para os problemas ambientais. Consequentemente, concorrem para uma melhor perceção e assimilação acerca dos comportamentos e atitudes a adotar, individualmente, com capacidade de influenciar o poder político e económico, no sentido de ser alcançado o equilíbrio entre o valor da pegada ecológica global e o valor da biocapacidade do planeta Terra, na esperança de serem evitados autênticos cenários do Fim do Mundo.
Com a certeza do sucesso que será obtido pela presente edição do Festival de Jardins Escolinhas chegou, mais uma vez, o momento de agradecer a todos aqueles que a tornaram possível. Refiro-me, nomeadamente, ao grupo de pessoas que integram as comunidades escolares das instituições de ensino concelhias, do pré-escolar, do primeiro e do segundo ciclo do ensino básico, assim como às juntas de freguesia e aos trabalhadores do Município, em particular, aqueles que desempenham funções na Área Protegida.
Não poderia terminar sem endereçar um justo agradecimento aos alunos que participam na presente edição do Festival de Jardins Escolinhas. Desejo-vos as maiores felicidades e sucessos.
Visitem os Festivais de Jardins de Ponte de Lima, com a Vossa Família e Amigos.
Chamem à atenção dos adultos, tal como o fez Petteri Taalas, Secretário-Geral da Organização Meteorológica Mundial, que fazem parte da primeira geração a compreender realmente as alterações climáticas e a última a poder agir.
Victor Mendes
Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima