
Baseando-se numa estrutura inspirada na geometria do astrolábio, mas descontinuada, interrompida e aberta, com seus “dentes” –medidas do tempo e distância e, ao mesmo tempo, encaixes que nunca se encontram –, propõe-se assim uma poética do descontínuo e do imprevisto.
O Lago, na forma elíptica, representa a projeção de uma sombra da esfera sobre um plano. E, também a dinâmica da nossa própria órbita entorno do astro central, através do reflexo no espelho d’agua, lembrando-nos do quanto somos pequenos diante dessas “circunstancias” que possibilitaram a nossa existência.
No solo arenoso e ondulado, e nas ervas e flores distribuídas pelo jardim como ressurgimentos espontâneos, busca-se a ideia de desertificação – um solo exaurido pelo excesso de exploração e mal-uso dos recursos –, ao mesmo tempo em que a natureza da vida e sua biodiversidade reaparece com vitalidade e esperança.
O solo de cascalho-areia representa o deserto gerado por nós ao longo do tempo, onde coexistem estruturas desnudas, em ruínas, destituídas de significado.
As flores aparecem espontâneas e plenas de vida surgidas das ruínas desertas como um mistério a fazer a diversidade.