
Entendemos a descoberta como o acto de desvendar o que até então permanecia oculto ou desconhecido, pelo que este jardim foi concebido como um lugar onde o processo de descoberta se produz continuamente.
Apresentamos o jardim como espaço propício para a descoberta do mundo num processo de captação e compreensão da realidade que engloba duas fases: um primeiro momento de acesso imediato ao mundo exterior e um segundo de introspecção ou descoberta da própria consciência individual, criadora da realidade, culminando no redescobrimento do mundo a partir da experiência anterior ou inicial.
Esta dualidade de descoberta configura-se no projecto através da divisão do espaço em dois ambientes contrapostos mas interconectados: um jardim exterior, aberto e periférico, que representa a realidade objectiva, uma natureza aparentemente simples, atractiva e em mudança; e um jardim interior, no centro, nuclear e complexo, tal como acontece com o indivíduo. Encontram-se neste último elementos que estimulam de forma distinta os sentidos de cada visitante, sendo ainda semipermeável perante o exterior, permitindo uma visão parcial e pessoal de tudo o que o rodeia.
É nesse momento de redescoberta do espaço exterior, observado a partir do interior, que o visitante interage completamente com o jardim e passa de mero espectador a um autêntico construtor da paisagem, acrescentando a sua própria perspectiva e visão do mundo.