
A curiosidade é inerente à natureza do homem, é o que o move e o leva a superar as suas fronteiras. A curiosidade sempre o levou à descoberta de coisas novas.
A descoberta será de facto objectiva?
Como é que a curiosidade pessoal se reflecte nas descobertas?
Mostramos um jardim ideal e idílico, exuberante e agradável. Convidamos o visitante a caminhar entre os canteiros coloridos e perfumados, ouvindo os seus passos no solo, lendo os nomes das plantas incríveis que vai descobrindo e, no fim, quando está pronto para a descoberta, convidamo-lo a subir ao miradouro. Como disse Marcel Proust: “A única viagem verdadeira, o único banho de Juventa, seria não partir em demanda de novas paisagens, mas ter outros olhos, ver o universo com olhos de outra pessoa, de cem pessoas, ver os cem universos que cada uma delas vê, que cada uma delas é...”.
Subindo para o miradouro, o nosso passageiro poderá ver os outros jardins de um ponto de vista distinto, descobrindo desta forma coisas novas sobre um argumento que já foi abordado mas, mais do que isso, vai conseguir que o nosso jardim represente, cá de cima, qualquer coisa que não era clara em baixo – a descoberta que permite ao homem ser o que é hoje em dia: o fogo.
O jardim articula-se em dois níveis. Ao entrar vêem-se todas as estruturas entre as plantas vistosas que têm alturas diferentes. Dos lados há tanques de tamanhos e alturas desiguais, que contêm flores para estarmos sempre rodeados pelas mesmas. Os rótulos de cor começam no vermelho e vão desbotando até cor-de-laranja e no fim em amarelo. O pico do jardim é a construção de ferro com painéis de madeira. Esta construção reproduz, figurativamente, a lenha a arder. A escada de acesso não é imediatamente visível, pelo que também poderá ser uma descoberta. O pavimento é marcado pelo “carvão”, em mais uma alusão ao fogo, os caminhos são conduzidos e demarcados por margens florais e um banco em madeira também serve de vaso.
São estes os principais componentes da proposta e é isto o que vemos nela, mas esperamos que todos os visitantes observem coisas díspares porque acreditamos que a descoberta está nos olhos de quem vê.