
Conhecer, do Latim Cognoscere, de Com- “junto”, mais Gnoscere- “saber”. O verdadeiro conhecimento nasce no encontro, no dar e receber, no partilhar. E se isto já era claro na antiguidade, agora está patente para todos. Hoje, os grandes avanços científicos fazem-se por diferentes grupos de trabalho, dispersos na geografia do nosso planeta mas que, graças às novas tecnologias de informação, discutem, partilham, questionam e validam as suas descobertas.
Na Idade Média os mosteiros eram os locais de recolha, depósito e natural desenvolvimento do saber medieval, verdadeiros centros do conhecimento, que não se fechavam sobre si próprios, antes desempenhavam um importante papel na disseminação desse mesmo conhecimento.
Entre esses saberes estavam o da utilização das plantas para fins medicinais. De facto, era nos jardins dos mosteiros que plantas de reconhecidas virtudes eram transplantadas e organizadas em canteiros e cercaduras, e eram estudadas as suas qualidades. Existiam boticas em muitos conven- tos e mosteiros e muitas não se limitavam a fornecer as próprias ordens, vendendo medicamentos ao público.
Do ponto de vista arquitectónico, o mosteiro é, no seu conjunto edificado, um lugar construído com a vocação do pensar colectivo, da contemplação, da procura de compreensão pela apreensão da grandiosidade divina, um reduto de desenvolvimento do conhecimento, um edifício gerador de saber.
Neste conjunto edificado o claustro é o lugar de contemplação por excelência, pois é ele próprio espaço de encontro privilegiado. O claustro representa a delimitação e a geometrização do mundo natural, a sua domesticação, a revelação da beleza divina.
A proposta recria como gesto fundacional, o claustro. Na estrutura regular sugerimos o corredor deambulatório que enquadra um pátio central, ajardinado, com quatro momentos de aproximação. Esta estrutura fechada, em parte obscura e longe do pátio central, procura recrear o sentimento de recolha e estranheza que podemos sentir quando pela primeira vez o percorremos. O chão em gravilha marca o som dos passos.
Num segundo momento, o corredor abre-se mais para o pátio, a luz entra de uma forma mais franca, a estrutura torna-se mais aberta, estamos menos sós. Ao virarmos, a estrutura torna-se um elemento mais livre, com o qual interagimos, nos dá opções de percursos e as plantas começam a penetrar. Finalmente, o quarto momento, a estrutura abre-se e torna-se indiferente. Somos impelidos a entrar no jardim. A água, que cai ao centro, absorve todos os ruídos exteriores como que suspendendo o tempo. Nesta geometrização do mundo natural, podemos tocar, cheirar e conhecer algumas das plantas aromáticas que, pelas suas características, reflectem um conhecimento acumulado ao longo dos séculos da farmacologia.