Uma representação através das formas ondulantes, dos materiais inertes e vegetais e de imagens que nos evocam a paisagem ribeirinha. O ancoradouro, o barco, a areia, os mochões, a vegetação marginal, tudo se conjuga para referenciar o nosso imaginário de um rio e das suas margens naturais. Caberiam aqui a Lenda do Rio Lima, a poesia de muitos limianos que cantaram as belezas do Lima, os barcos e barqueiros do Lima, as tradições etnográficas ligadas à pesca e ao rio.
Deixemos apenas as palavras de Diogo Bernardes, que descrevem este nosso "jardim" que é o Rio Lima:
Meu pátrio Lima, saudoso e brando,
Como não sentirá quem Amor sente,
Que partes deste vale descontente,
Donde também me parte suspirando?
Se tu, que livre vás, vás murmurando,
Que farei eu, cativo, estando ausente?
Onde descansarei de dor presente,
Que tu descansarás no mar entrando?
Se te não queres consolar comigo,
Ou pede ao Céu que nossa dor nos cure,
Ou que trespasse em mim tua tristeza:
Eu só por ambos chore, eu só murmure,
Que d'um fado cruel o curso sigo,
Não tu, que segues tua natureza.
Diogo Bernardes Rimas Várias - Flores do Lima, Soneto XL