As grande gaiolas em forma de frutos são uma representação divertida da nossa necessidade ancestral de domínio da natureza.
Domesticar animais, construís diques e repressas, "vencer" o mar, chegar mais alto, descobrir as profundezas do mar, voar quais pássaros de asa abertas, cavar, escavar e sentir a terra, moldá-la e obter dela os frutos e alimentos, esculpir a rocha dura, transformar o metal em obras de arte; sempre houve a necessidade de dominar a natureza, de a transformar, de sentir um pedaço de nós através da nossa intervenção.
Com tudo isto, este jardim pretende simbolizar com frutos que são gaiolas e gaiolas que são frutos, com metais que são frutos, moldados e trabalhados para construir esse cenário diferente e humanizado na intenção de domínio e respeito para com a natureza.
A herdade era um território vasto e aborrecido onde, entre galinhas poedeiras e a barulheira constaste dos galos, imperava o tédio de gente que trabalhava por uma miserável soldada. Até certo ponto, era patético ver os camponeses trabalharem agora uma terra que já não lhes pertencia; já não eram camponeses e muito menos proprietérios, eram jornaleiros a quem nada importava o rendimento do seu trabalho, nem a qualidade do dito.
Também vinham operários que, depois do trabalho, iam em camiões para as terras onde viviam. Mas era impossível realizar um trabalho agrícola ou a criação de animais com pessoas alheias a essa espécie de mistério que é a reprodução ou a cultura das plantas. A planta sabe quem a ama ou quem a desconhece; não cresce e frutifica quando é uma pessoa inexperiente que tem a seu cargo. Só as pessoas que viveram no campo e amam a natureza e lhe conhecem os segredos têm a capacidade de cultivar a terra. Cultivar a terra é uma ata de amor, é uma ação lemdária: a planta e a semente exigem uma cumplicidadde tática com quem as cultiva.
Reinaldo Arenas
Antes que Anoiteça