
Sentidos em Suspensão é um jardim pendente criado para o deleite plurisensorial. Tendo por base a vegetação, o artesanato local e as tradições vernaculares de aproveitamento dos recursos naturais, apresenta-se um jardim com consciência ecológica e que desperta sensações de bem-estar.
Estrutura-se em passeios abobadados que se encontram num espaço maior, este em forma de cúpula. Entre o solo e o tecto o ambiente encontra-se suspenso através das floreiras pendentes – um conjunto que foca três pontos principais do desenvolvimento futuro: a procedência dos materiais, a escassez de água doce e a importância da beleza natural.
As fibras vegetais delimitam o espaço e, junto com a cerâmica artesanal, fazem referência ao aproveitamento correcto dos recursos existentes e ao apreço pela produção manual. Estes materiais transmitem calor e são um ponto comum entre culturas.
O crescimento da vegetação está condicionado pela existência de água, a qual, como sabemos, é um bem escasso. Para colocar em relevância a falta de massas de água doce na Terra, o jardim dosifica-a, contem-na e preserva-a – através das floreiras, as plantações interiores do jardim ficam divididas em unidades singulares. O “universo interior” que é o jardim torna-se reflexo do stress hídrico que nos une.
Entre canas secas e cordas naturais, as plantas interiores apelam à vista, ao olfacto e ao paladar. Em contraposição, o percurso exterior permite investigar sobre as sugestões da forma, as superfícies vegetais, o solo e o encontro de conjunto de todos estes materiais.
O jardim exterior é perimetral, espaço de trânsito que convida a ultrapassar as abóbadas. O solo – terra fresca –, a estrutura – pela qual se depreende o interior –, e a vegetação ao nível do terreno são o exacto contraponto da vegetação pendente do interior.
Sentidos em Suspensão é uma alegoria ao papel fundamental de todos os jardins para a felicidade humana. A beleza natural está tão presente no jardim húmido como no árido; no todo que compõe o espaço soma-se a humidade à aridez num “jardim de transições”, um espaço natural efémero que procura ser afectado pela passagem das estações enquanto continua a despertar os sentidos.