
Com este projecto, pretende-se explorar a brecha que se abre entre o existente e o perceptível, obrigando-nos a uma tomada de consciência sobre a maneira como o ser humano se relaciona com o que o rodeia – a natureza. Cada um dos cinco sentidos obriga a uma relação distinta com o envolvente ao ser humano.
A visão coloca-nos em contacto com a amplitude do mundo em que vivemos, liga-nos aos cimos das montanhas, ao horizonte do mar, às nuvens; junto com a visão, a audição dá-nos mais informação do espaço, em princípio, mais próximo. Ambos os sentidos parecem permitir a análise de um âmbito que, à partida, nos supera.
O vento é o elemento gerador deste projecto – fragmenta a caixa e enquadra-a no espaço; depois põe-na em funcionamento provocando o surgimento dos sons que alberga. Uma Caixa de Música significa sons para os nossos ouvidos e beleza para os nossos olhos.
A composição teatral das peças, aparentemente arbitrária, como produzida pelo azar de um golpe de vento, cria situações, visualizações, reflexos ou, também, sonoridades, aparecendo algumas peças como caixas de ressonância para multiplicar sons, sugerindo-nos um espaço poético para percorrer e onde a interacção se torna obrigatória.
Cada uma das facetas da Caixa de Música esconde um segredo a descobrir no percurso do jardim. Manipular os mecanismos faz parte da experiência sensorial do jardim e do enriquecimento emocional do visitante, convertendo-o em parte integrante e autor, por sua vez, do próprio jardim.
Os sons naturais, inseparáveis do jardim, ajudam-nos a encontrar uma nova paisagem – a paisagem sonora. Os instrumentos da Caixa de Música evocam as forças da natureza através dos seus sons: chuva, vento, trovoada, mar… Quando a música soa a paisagem relaxa-se… O som como modo de perceber uma paisagem, como forma de criar cenários, como maneira de se relacionar com o meio.
Contudo, como disse Alain Corbin, “quem quiser entender a paisagem através do som, deverá antes entender o silêncio”.
Sutterlozano|studio:
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