
O termo “moldura”, mencionado no título do projecto, refere-se ao duplo significado que a própria palavra tem: moldura e fragmentação. Esta natureza dupla dá-nos a possibilidade de usarmos vários double entendre dos quais nasceu a presente ideia.
A moldura teve desde sempre um papel marginal na arte, normalmente como suporte ou recipiente de uma obra de arte – raramente tem sido objecto artístico por si só. Em Frame by Frame, revertemos estes conceitos: a moldura torna-se o objecto artístico e o jardim o recipiente desta nova arte.
O significado de moldura como “fragmentação” sugere-nos duas direcções: primeiro, como a moldura não é concebida no seu sentido habitual, está fragmentada para se tornar um objecto de arte; este novo conceito não a irá reduzir novamente à moldura de algo. Depois, se associarmos também frame à 25.ª parte de uma câmara cinematográfica, a fragmentação torna-se condição primária para a composição, como num filme. As Molduras Partidas tornam-se linguagem deficiente, palavras fragmentadas – será através da recomposição numa nova sequência que se pretende tornar arte.
As plantas ajudam o “jardim recipiente” na criação de um espaço, de modo a transformar o novo objecto artístico numa continuidade, como se estivesse numa exposição. Saliente-se, ainda, que não precisamos sair da composição de vegetação para melhorar a fruição do elemento artístico.
São, também, apresentadas variações ao tema principal da moldura, enquanto objecto artístico e molduras horizontais, no chão, que se tornam elementos de separação de espaço, tal como na montagem de cenas cinematográficas.
Em alguns casos, a moldura regressa à sua função comum na arte, enquanto recipiente, com a intenção de dar ao jardim o seu aspecto contemplativo e espiritual. O visitante, por fim, é guiado para um cómodo assento, ao fundo do espaço, onde uma moldura suspensa na horizontal aponta o céu, como limite natural e espiritual do jardim.