Quando assumimos, em termos de gestão autárquica, apostas em projectos diferentes e inovadores, fazemo-lo sempre com a mais firme convicção do seu êxito e, principalmente, das mais valias sociais e económicas com que os mesmos podem contribuir para o desenvolvimento sustentado da nossa Terra e das nossas Gentes, que representamos e para as quais trabalhamos.
Em boa hora aceitei, há anos, o convite do Francisco Caldeira Cabral para visitar o Festival de Chaumont, localidade francesa, com características muito semelhantes com Ponte de Lima, em termos históricos e de dimensão, visitada anualmente por milhares de amantes da natureza e dos jardins, a propósito do seu festival.
Não tive quaisquer dúvidas em trazer para Ponte de Lima a ideia, pois tinha a firme convicção que este seria um projecto que se enraizaria a muito curto prazo e que, com trabalho, dedicação e muita promoção, faríamos, daquilo que imaginávamos iria ser o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima, um evento marcante no panorama internacional.
Confesso que, na altura, talvez só pensasse, prioritariamente, no espaço ibérico, pois no contexto europeu, além Pirenéus, a concorrência era francamente muito forte.
Estávamos, na verdade, no rumo correcto e tínhamos que manter o temão, recorrendo aos muito timoneiros que, desde 2005, fariam dum projecto ambicioso a realidade em que se transformou nos dias de hoje – um Festival Internacional de Jardins reconhecido em todo o mundo e que é procurado por criadores das mais diversas nacionalidades, com destaque para a edição do presente ano que acolheu sessenta e sete candidaturas envolvendo cidadãos de dezanove nacionalidades.
Recordo-me de algumas palavras que escrevi no primeiro livro deste Festival e que aqui reproduzo, por virem de todo a propósito:
“O grande objectivo deste, primeiro, Festival do género em Portugal é reafirmar essa imagem de Ponte de Lima a nível nacional e internacional e contribuir para o movimento, cada vez mais necessário, que restabeleça o equilíbrio da paisagem e dos espaços verdes com a fúria desenfreada das construções urbanas desprovidas de gosto e do complemento obrigatório das flores e da arte dos jardins. Façam deste espaço um exercício de liberdade e quiçá um palco de alerta e de mensagem para as grandes questões da terra, do ambiente e da cultura para que possamos humanizar mais, muito mais, a sociedade do futuro.”
Com rigor, método e disciplina, o certame atingiu um nível notável e que não vamos deixar esmorecer.
Para isso continuaremos a contar com um leque de colaboradores e amigos, para além dos muitos criadores que, anualmente, tenho a certeza, irão crescer, em número e em qualidade.
E são esses colaboradores e amigos que devo aqui enunciar, pois a eles se deve grande parte do êxito do Festival.
Os Membros do Júri, incansáveis e de uma dedicação extrema, nunca viraram a cara ao árduo trabalho de seleccionar, conciliar e unir, todos os anos, um conjunto de projectos que constitua um Festival que, no seu todo, se transforme num evento distinto para todos quantos o visitam e para a elevação do nome de Ponte de Lima.
Os patrocinadores, mecenas e apoiantes que apostaram e acreditaram neste projecto. Só com o seu imprescindível auxílio – técnico, financeiro e humano – é que é possível realizar o Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima.
Os concorrentes. São eles a alma desta manifestação e devemos-lhes a maneira como se entregam à criação dos projectos e, quantas vezes, felizmente, à orientação, construção e acompanhamento da execução respectiva. Quero também deixar uma palavra de muito apreço aos que não viram os seus projectos seleccionados. Trata-se de um concurso e, por isso, não esmoreçam. As portas estão abertas e será, provavelmente, a edição do próximo ano que acolherá a vossa criação. Concorram.
Toda a equipa que se dedica à promoção e divulgação. O seu trabalho tem sido relevante ao levar o nome de Ponte de Lima e do Festival Internacional de Jardins aos mais diversos locais do mundo. Os órgãos de comunicação social e imensos sítios da internet destacam e promovem o certame, graças ao plano de comunicação, de grande eficácia, traçado pelo Município.
Os profissionais (do design, da imagem, da fotografia, da comunicação e das artes gráficas) envolvidos na realização do material gráfico e publicitário, verdadeiro arauto do Festival. O seu empenho, labor e produtos desenvolvidos são merecedores do maior relevo.
Os técnicos e operários do Município a trabalharem directamente na edificação e manutenção dos jardins. Regozijo-me, com a maior das satisfações, ao afirmar que todos os projectos da edição do presente ano foram construídos com a “prata da casa”. Os recursos humanos do Município estão aptos e com os conhecimentos necessários para enfrentar a construção de um Festival anual sem qualquer receio. Tenho que lhes reconhecer abertamente a dedicação e o orgulho que ostentam por estarem ligados a tão importante evento. Muito obrigado por gostarem tanto quanto eu do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima.
Abro aqui um parêntesis, muito a propósito, para destacar outra mais valia – a criação de emprego e a consequente fixação de famílias e pessoas.
Finalizo, deliberadamente, com a Direcção do Festival, que nunca se poupou a encarar dificuldades para cumprir com o objectivo de, contra todas as circunstâncias imponderadas, abrir as portas e apresentar um trabalho digno do maior realce e que muito orgulha todos os Limianos. As horas que dedicam à planificação, estruturação e configuração são muitas e quero deixar, também a eles, a devida palavra de estima que se lhes deve e, de forma pública, merece ser evidenciada.
O Festival cresceu, enraizou-se, tornou-se mundialmente conhecido. Sinto-me orgulhoso do esforço desenvolvido, pois, à partida, corremos sempre o risco de perder uma aposta, de tropeçar num degrau, de encontrar pedras no caminho…
Eu gosto de pedras no caminho. Aprendi a gostar delas com Fernando Pessoa: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”.
Quiçá seja, um dia, o meu projecto para o Festival Internacional de Jardins: construir um castelo com as pedras em que tropecei no caminho. Estão guardadas…
Daniel Campelo
Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima