
A entrada do espaço é efectuada por um caminho em saibro. Os passos do visitante são guiados por pegadas de cavalo. Na parte lateral esquerda, um canteiro de cheiro e cor incentiva o visitante a entrar.
No centro do espaço, vegetação alta, assemelhando-se a uma floresta, envolve em círculo um espaço de menor dimensão que oculta a “magia” do jardim. Procurou-se criar um lugar recôndito que desperte a curiosidade do visitante. Nas paredes estão patentes molduras, tal como numa galeria de arte, onde se transcrevem extractos do poema “O Navio de Espelhos”, de Mário Cesariny.
Uma moldura gigante permite que o visitante entre e faça parte do cenário surreal. No centro, eleva-se um elemento escultórico assente na temática do “Cavalo em Piaffer”, que representa o equilíbrio físico e emocional da arte equestre. A escolha do elemento central para reproduzir tornou-se óbvia: o cavalo Puro-sangue Lusitano que se pode conhecer e sentir, até mesmo por aqueles que não podem ver mas conseguem apreciar e experimentar, com os demais sentidos, ao tocar os contornos, ao tactear os relevos, ao sentir o calor do material.
Eohippus foi inspirado no primeiro antepassado conhecido do cavalo (“Eo” em grego significa Aurora e “Hippus”, Cavalo). Sucederam-se-lhe o Orohippus, o Mesohippus e outros que se querem, de algum modo, retratar. Das várias imagens reflectidas nos espelhos, a mais longínqua pretende figurar o Eohippus e a sua evolução até ao cavalo apresentado na escultura. O último cavalo visível é ainda um reflexo longínquo da escultura. O seu distanciamento procura mostrar o processo progressivo através do qual ocorreram as transformações que deram origem à actual espécie. A relação entre a imagem e o conceito não é mais do que uma metáfora.
Pretende-se que, ao entrarem neste espaço surrealista, os visitantes, reproduzidos no “mar de espelhos”, se libertem das exigências da lógica e da razão, indo além da consciência quotidiana, deixando expressar o seu inconsciente e os seus sonhos.