O conceito de Terceira Paisagem de Gilles Clément faz referência a “uma grande quantidade de espaços indecisos, desprovidos de função aos quais se torna difícil atribuir um nome. Este conjunto não pertence nem ao domínio da sombra nem ao da luz. Está situado nas suas margens: nas orlas dos bosques, ao longo das estradas e dos rios, nos recantos mais esquecidos da cultura, lá onde as máquinas não conseguem chegar.

Cobre superfícies de modestas dimensões, tão dispersas como as esquinas perdidas de um prado”.

Quanto à sua configuração e desenvolvimento, Clément aponta que “o carácter irresoluto da Terceira Paisagem deve-se à evolução que segue o conjunto dos seres biológicos que formam o território, na ausência de qualquer decisão humana”. Esta ausência de decisões por parte do homem e da organização do espaço concretiza-se, então, numa atitude de espera (consciente ou inconscientemente).

Não é difícil encontrar um reflexo do conceito de terceira paisagem noutros domínios. Neste jardim tentámos combinar esta ideia com o que poderíamos denominar de espera “cinematográfica”. Nos filmes, por vezes, surgem sequências que “interrompem a evolução dramática de uma cena por um período mais ou menos dilatado com imagens caracterizadas pela ausência de acção directa ou imediatamente vinculada ao desenvolvimento da história, e cuja finalidade se costuma relacionar com a vontade exercida por parte do cineasta de interromper e discorrer o relato, suspendendo o seu sentido e proporcionando espaços para a edificação de significados alternativos” (Santos Zunzunegui): pequenas terceiras paisagens de espera, introduzidas num filme.