
O vento é uma força da natureza que evoca a poesia. O seu sopro varre os campos, espalha as sementes, inicia as ondas, transporta os cheiros e os odores. A ele se deve o movimento das velas dos moinhos a vento e a consequente transformação dos cereais em farinha. O moinho constitui a metáfora da transformação das matérias-primas provenientes dos nossos jardins e dos nossos campos num produto para consumir.
Para os mais novos, a primeira representação tangível desta força invisível é o pequeno e artesanal moinho de papel sobre o qual sopram para fazer girar as velas coloridas. Esse objecto, o Virevent (Moinho de Papel), é a imagem de base e a inspiração deste jardim. O seu movimento circular representa o ciclo de transformações de uma forma de energia para outra.
Desde há séculos, o homem pratica a agricultura com um fim único: o de se alimentar. Nos últimos anos, por várias razões, foi convertendo os modos de cultura e hoje diversas áreas agrícolas são usadas para produzir combustível.
Virevent propõe viver, através do jardim, um novo ciclo agrícola.
No meio de um campo de milho, bolas de ginástica encontram-se coladas umas às outras para formar paredes inclinadas que, pela sua disposição, estão inspiradas no Virevent, elemento chave do jardim.
Esta estrutura de bolas representa a imagem do motor de uma indústria agro-alimentar, através do qual se transforma o milho cultivado no campo. Os visitantes, ao circular entre as velas do Virevent, representam o sopro do vento que acciona o moinho da transformação.
Posteriormente, podem recriar-se nos passeios em direcção ao campo, onde, mais uma vez, o Virevent se impõe ao jardim – por todo o campo, as ligações dos diferentes sub-espaços recortam um imenso Virevent. Entre os passeios, cobertos com grãos de milho, uma plantação, também, de milho cria a imagem da onda de transformações que irrompe sobre as culturas e, no final, os visitantes sentir-se-ão como que rodeados pela plantação, numa célula de contemplação do jardim, para que cada um parta com a sua interpretação e com, esperemos, perguntas que ficarão no seu espírito…