
Todos os anos, milhares de hectares de floresta ardem em Portugal.
Com o aquecimento global, dia após dia mais notório, a frequência e a extensão destes acontecimentos tendem a aumentar progressivamente.
Atente-se que o Homem e o fogo são rivais desde há muito tempo, pois as florestas crescem e morrem, também, muito pela acção dos homens.
A maior parte das vezes a energia do fogo é considerada um poder devastador. No entanto, deverá ser considerada um valor de restabelecimento – com um incêndio as árvores carbonizam-se, mineralizam-se e renascem. Este foi o mote para os autores na concepção deste jardim.
A forma triangular da parcela lembra o símbolo do fogo.
Os visitantes entram numa mata onde lavrou um incêndio. Embora destruída, a natureza volta lentamente, de forma tímida. De pé, árvores queimadas delimitam um caminho sinuoso coberto por uma rede, criando uma zona de bosque em meia-sombra invadida por plantas que crescem nas clareiras. Uma sucessão de flores vermelhas e cordelaranja complementam o conjunto e animam o espaço – de cada lado, as cores e as formas dessas flores apresentam desenhos vegetais e lembram aos visitantes as labaredas. No final do caminho em sombra revela-se outra parte do jardim: uma área deserta alvo de um incêndio recente. Árvores queimadas estão expostas num espaço limpo e purificado; não resta nenhuma forma viva, nenhum vegetal – apenas um fumo pesado e grosso que aparece de quando em vez, como a memória dum fogo sempre presente que não podemos nem devemos esquecer.
Atelier Altern:
Atelier Altern: