
Do efeito cenográfico de diversas espécies de energias, ou do potencial energético de algumas matérias, surge o esquema programático desta proposta.
Organizado segundo uma sequência geométrica de circunferências de quatro metros, a que correspondem silos contentores de diversas substâncias, o jardim desenvolve-se ao longo de uma poligonal que o atravessa, construindo um percurso de visita comparado ao traçado de um raio que irrompe por entre uma estrutura molecular.
Em cada silo encerrado com pranchas de policarbonato transparente assinalamos a presença de matérias como o carvão, a madeira/lenha, a água, as árvores e as hélices que, pela conjugação do seu valor energético e cenográfico, nos insinuam uma ideia de potência energética. Os cilindros em policarbonato convocam a imagem dos silos industriais, mais precisamente das centrais nucleares. As cores dos materiais que os preenchem foram escolhidas de acordo com o conjunto de cores estipuladas, pelas normas internacionais, para definição do isolante envolvente aos cabos eléctricos: verde, preto, castanho, azul e amarelo.
O percurso-raio, meandrizado neste emaranhado, origina uma fractura na estrutura global permitindo, deste modo, o acesso aos espaços-canteiro. Numa das extremidades uma cadeira “eléctrica” – que incorpora sensores de movimentos capazes de produzirem o acendimento de uma luz de presença – povoa uma praça de estadia e repouso.
A rega pulverizada assume aqui, também, um efeito cénico provocado pelas pequenas nuvens de água que se associam aos fumos industriais.
No remate periférico do espaço, a terra vegetal, mantida com herbicida pré-germinativo, funciona como a base do processo energético, primeiro pela alusão à sua condição de material de pavimento, depois pela analogia ao Planeta Terra.