
O jardim Metamorfose é uma metáfora da evolução do lixo e da origem da vida.
Pretende transmitir uma visão ecossistémica dos resíduos que, neste espaço, se apresentam de modo plástico, artístico, perfeitamente enquadrados na sua envolvente.
O conceito define-se na expressão “lixo, ciclo de vida”, colocando-nos questões como: para onde vai o lixo e em que é que se transforma; o entendimento do lixo como produto da sociedade, seus inconvenientes e possíveis potencialidades – o lixo enquanto substrato para desenvolvimento da vida, neste espaço representada pela vegetação.
A Metamorfose é o processo de mudança e alteração da ideia de transformação de materiais em compostos vivos.
Ao percorrer o jardim assiste-se ao seu decurso. À entrada, observam-se as três estruturas de lixo de diferentes dimensões perceptíveis em três momentos, assim como as plantas que nos acompanham durante o percurso. Fazendo o trajecto inverso, a visão é totalmente diferente o lixo na sua forma bruta desaparece, cumprindo o ciclo, num espaço totalmente dominado pela propagação da vegetação e reutilização de materiais como elementos escultóricos ou como pavimento.
As plantas escolhidas, na sua maioria aromáticas ou comestíveis, reforçam o conceito da transformação dos resíduos, ao estimularem todos os nossos sentidos. É um convite à visão, ao toque, ao cheiro do perfume que libertam. Um paradoxo, quando pensamos que tudo começa no lixo que ali se encontra. Nas depressões do terreno, predominam os elementos inertes como antítese de vida (ferros escultóricos), que fortalecem a coerência da mensagem a transmitir.
O espaço é todo ele um manifesto inspirado em conceitos como separação e tratamento de resíduos, reutilização e reciclagem.