
Nos sistemas lacustres e ribeirinhos a biodiversidade das margens, expressa na variedade vegetal e animal, é um importante indicador do estado de conservação desses ecossistemas, abundantes na nossa paisagem, cuja acção antrópica tem sido o maior factor de transformação frequentemente negativa.
A proximidade do Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima às margens do Rio Lima, sugeriu a apresentação do arquétipo de um sistema ribeirinho apelando, por um lado, à necessidade de recuperação e manutenção destes elementos na nossa paisagem e, por outro, à possibilidade da inclusão na concepção de jardins públicos ou privados, aproveitando quer os recursos naturais já existentes, quer diferentes graus de artificialismo, obtendo um resultado final harmonioso e coerente com a envolvente e com a utilização pretendida.
Na construção e recuperação destes sistemas é necessário o recurso a uma grande variedade de plantas, criteriosamente seleccionadas em função da aptidão ecológica, explorando potencialidades estéticas importantes na fruição destes espaços. O resultado final e a celeridade do estabelecimento natural destas intervenções está dependente do material vegetal existente no mercado da produção de plantas - mais concretamente na variedade, quantidade e portes disponível.
A proposta apresentada é tipificada, projectando-se a construção de uma charca em quase toda a área do talhão, com uma pequena queda de água por onde é efectuado o acesso, dotada de um sistema de circulação para a oxigenação da água. Nas margens, o mais meandrisadas possível, foi distribuída uma variedade de cultivares seleccionadas num vasto elenco, onde se incluem plantas aquáticas, anfíbias e marginais, contendo estas alguns exemplares de arbustivas e arbóreas na transição para as cotas superiores.