
Desde o século XVIII até à actualidade vivemos um tempo marcadamente industrial, com a construção dos arranha-céus, das grandes pontes, vias ferroviárias e rodoviárias, em que a obra foi uma constante de todo esse processo de desenvolvimento.
Desse passado recente temos a arqueologia industrial, que nos deixou ficar memórias, elemento que se pretende agora usar para a recreação de um jardim com esta temática.
O jardim tem vários tipos de pavimento, desde o pavimento de saibro, passando pelos cubos de granito e pelas traves de carvalho, em que assentava a linha do caminho-de-ferro, numa alusão às vias de comunicação.
Este espaço central pavimentado tem, lateralmente, andaimes e estruturas tubulares de ferro galvanizado, que servem de base para a criação de uma pérgola de glicínias (Wisteria sinensis).
O espaço dispõe ainda de dois muros, um de blocos de vidro e outro de tijolo compacto, que se encontram colocados de forma perpendicular, ambos terminados de forma irregular, numa simulação de ruína.
Na parte posterior do muro de blocos de vidro estão colocados dois projectores de iluminação, numa alusão à energia fonte motriz de todo o processo industrial.
Está patente neste jardim a ideia da reciclagem, demonstrando como a partir de materiais reciclados se pode fazer um espaço de recreio.
Utilizar e reutilizar aquilo que muitos pensam que já não nos é necessário, torna-se uma demonstração da viabilidade da recuperação de materiais para uso do quotidiano e para embelezamento de um jardim como aquele que ora se apresenta.
Numa época em que os valores ambientais se antagonizam com muitas das políticas industriais, é possível – e demonstra-se – conjugar as diferenças através da recuperação e adaptação dos diversos utensílios que ontem nos serviram, hoje nos servem e servir-nos-ão no futuro.
Neste Jardim Industrial, reciclar é a palavra de ordem.