FESTIVAL INTERNACIONAL DE JARDINS 2006

Jardim da Individualidade

Desenhar um jardim dentro de uma parcela de terreno rigorosamente limitada, com o sentido de um jardim barroco, pode parecer uma contradição.

Forçar a natureza “selvagem e incontrolável” a ficar dentro de limites fixos descreve a vontade humana de controlar o incontrolável, sendo que o controle sempre acompanha a criação de limitações.

Assim, era uma questão de salientar esta limitação no desenho e, também, a individualidade intimamente relacionada com ela.

Os visitantes confrontam-se com um exército de figuras de jardim. Todas as figuras parecem exactamente iguais, pintadas de vermelho berrante e colocadas de modo conformista, viradas na mesma direcção.

A figura isolada simboliza cada um de nós, um símbolo das nossas fantasias de controle e omnipotência numa procura desesperada de singularidade. A ordem rígida em que se colocam as figuras e a delimitação precisa do campo em que se encontram, simbolizam a vã esperança ou até o fracasso daquela procura. Não só as figuras se encontram limitadas pela margem de gravilha: o visitante também respeita a mesma barreira.

Para tornar esta experiência mais profunda, existem outras fronteiras e limitações introduzidas na área de movimento do visitante e ao mesmo tempo os visitantes são induzidos a desrespeitá-las.

Definem-se trajectos a pé, mas é proibida a sua utilização. Anunciam-se normas e mensagens confusas por altifalante. Os lugares de observação são definidos com toda a precisão  só é permitido olhar para as figuras a partir deles.

A violação das regras e limitações (tanto intelectual como fisicamente) pelos visitantes é inevitável mas permanente; estas limitações tornam-se evidentes e o visitante é induzido a pensar sobre a sua própria atitude em relação a limitações e à individualidade.

O resultado é óbvio: só a demolição de limitações interiores pode deixar florescer a individualidade.

A cognição de cada visitante de que também faz parte cativa de uma massa de figuras sem rosto irá aguçar a sua sensibilidade, desafiar a sua individualidade e provocar uma recepção mais astuta dos outros jardins.


Concepção da ideia


  • Hann Mitterecker Architects

Concepção técnica


  • Georg Mitterecker - Arquitecto

Produção


  • Município de Ponte de Lima (Equipas de Espaços Verdes e de Construção Civil)

Apoios


  • Município de Ponte de Lima

Plantas deste espaço



Relva

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Localização