
O conceito do jardim, espaço de estar, assenta no hábito cultural e social da conversa no espaço público.
Em termos históricos, este hábito está inicialmente associado a um grupo significativo de indivíduos que se juntavam para discussão de temas ou tomadas de decisão. Posteriormente, com o aparecimento do jardim recreativo, a conversa passou, também, a ser um acto social de divertimento e usufruto no espaço de jardim, com maior realce no século XIX.
Nos dias de hoje tem-se vindo a perder o hábito do jardim como sítio de estar, convívio, conhecimento e meio de comunicação social e artística.
Pretende-se assim sublinhar o uso do jardim como espaço oratório.
Nesta tentativa de manter presente a voz física, com agudos e graves no campo visual, apresenta-se um jardim de conversa, debates e discussão, cuja essência assenta em cadeiras escultóricas que simbolizam o reatar da conversa recreativa e das relações sociais, numa época em que as tecnologias tomam forma e preponderam no nosso quotidiano.
A cadeira transmite a imagem do movimento teatral da queda do corpo em descanso, enquanto a mente e as relações sociais tomam lugar.
A conversa estabelece-se, reciprocamente, através dos elementos, que tanto podem ser contrários e incompatíveis como complementares e fecundos.
Como pano de fundo, o jardim apresenta-se em tons secos de palha e com algumas referências à paisagem alentejana, embora não se pretenda recriá-la mas antes vincar um espaço de tempo – o tempo de sentar-se à sombra da oliveira e ficar-se à conversa.
Um jardim de sons, de palavras, de literatura, de gritos, de poesia!