
No entanto os sistemas sociais sofreram uma constante mutação.
A revolução industrial, a emigração, questões ambientais e climáticas, guerras e confrontos regionais e mundiais, o falso e enganador progresso tão em voga na actual sociedade e, muito mais recentemente, o aparecimento das novas tecnologias, levaram ao irremediável abandono das estruturas típicas de povoamento rural.
A desertificação é, nos dias que correm, uma facto incontestável e cumpre-nos alertar, consciencializar, obrigar à formação de opiniões, apelar à discussão e participação democráticas de todos para encontrar soluções e combater o flagelo grave que nos assola – o abandono das nossas aldeias.
Quisemos fazê-lo num jardim.
Um jardim de revolta.
O Jardim da Revolta das Enxadas!
Deixaram de ser precisos os utensílios tradicionais usados pelos trabalhadores, passando a serem utilizadas as novas tecnologias. E as enxadas e demais utensílios usados pelos nossos avós para cultivar a terra? Qual é o seu papel no mundo actual?
De forma a valorizar e dinamizar os utensílios tradicionais da agricultura, propôs-se neste projecto a implantação de enxadas, pintadas com quatro cores: azul, amarelo, vermelho e branco.
A intenção do projecto é transformar e dinamizar um acontecimento cultural (a agricultura e tudo o que lhe está inerente) em Arte, dando qualidade expressiva e plástica, de forma a provocar no sujeito emoções e reacções.
Acima de tudo, obrigar a uma reflexão profunda que leve a imaginação dos visitantes a muitas mais revoltas necessárias: dos fusos e das rocas, dos teares, dos arados, das grades, dos velhos carros de bois...
Fica a Revolta das Enxadas como exemplo notório e que certamente obrigará a uma séria reflexão de todos os que visitarem este Festival Internacional de Jardins.